Árbitro salva criança em Castro Verde
Iniciado foi reanimado depois de ter entrado em paragem cardio-respiratória
por Hugo do Carmo retitrado do Jornal "A Bola"
Minutos dramáticos vividos em Castro Verde, após choque entre dois jogadores. O guarda-redes dos iniciados da equipa da casa entrou em paragem cardio-respiratória e valeu que em campo estava um árbitro que é bombeiro. Silvério Albino foi quem o reanimou. Um herói acidental, que evitou uma tragédia.
Castro Verde, manhã de domingo. Jogo do campeonato distrital de iniciados da AF Beja entre Castrense e Vasco da Gama da Vidigueira. Minuto 34: o guarda-redes da equipa da casa, de 13 anos, sai da baliza e choca com um adversário. Cai inanimado. O pânico instala-se. O árbitro está perto do lance e reage de imediato.
«Vi logo que era grave. Sinceramente, pensei que tivesse partido o pescoço. Apercebi-me que não tinha sinais vitais e que estava em paragem cardio-respiratória», conta Silvério Albino, árbitro há mais de 20 anos, tantos quantos leva de bombeiro. «Sou bombeiro-chefe e de imediato comecei a fazer a reanimação, através de massagens cardíacas. Fui auxiliado pelo meu árbitro assistente, Mário Baptista, que também é bombeiro. À terceira tentativa, a criança reagiu, esboçando um vómito. Assistimo-lo durante 8/9 minutos, o tempo que levou a que a ambulância chegasse», recorda.
Momentos dramáticos. De aflição. Mesmo para um bombeiro experiente. «Em mais de 20 anos de arbitragem nunca tinha presenciado uma situação desta dimensão, tão-pouco de enorme gravidade. Foram momentos arrepiantes, que só vivi como bombeiro. Um enorme susto para todos», refere o experiente árbitro, de 40 anos, que foi durante algumas épocas assistente nos Nacionais.
«Confesso que fiquei nervoso e muito preocupado. O jogo esteve parado cerca de 12 minutos e como os jogos de iniciados têm 70 minutos, a primeira parte praticamente terminou com o incidente e consequente substituição. Depois reuni-me com os delegados e decidimos que havia condições para terminar a partida», relata, sem conseguir esconder a ansiedade que o invadiu:
«Foram longos 35 minutos. Estava sempre a pensar como estaria a criança. Sabia que o seu estado era grave e que em muitas situações há reincidência.»
Felizmente, não houve. A criança já está em casa, depois de observada e examinada em Beja e Lisboa. «Já falei com o presidente do clube e sei que está bem. Não se lembra de absolutamente nada do que aconteceu.» Lembrar-se-á Silvério Albino. Para sempre.